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ENGLISH MAKES THE DIFFERENCE

terça-feira, junho 30, 2009

INGLÊS PELA INTERNET

Idioma que vem da web

A internet é um excelente recurso para explorar o uso real do inglês. Mas é preciso definir muito bem quais gêneros e quais conteúdos abordar

, de Quevedos, RS

ESFORÇO DOBRADO Débora e a 5ª série trabalharam
duro no primeiro contato com o inglês e a internet.

Fotos: Tamires Kopp

Cada vez mais utilizada como fonte de pesquisa, a internet tem a maior parte de suas páginas em inglês. Por isso, a proposta de incluir a rede mundial de computadores no ensino de idiomas é bastante oportuna porque apresenta aos alunos um conhecimento de aplicação imediata. Para ser bem explorada, entretanto, essa união precisa ter uma característica fundamental: considerar os usos reais do inglês (segundo a tendência dominante no ensino de Língua Estrangeira, a sociointeracionista, essa é a maneira mais adequada de lecionar a disciplina). O trabalho da professora Débora Lisiane Carneiro Tura, da EEEB Dom Pedro I, em Quevedos, a 398 quilômetros de Porto Alegre, combina todas essas virtudes. Para apresentar o inglês à 5ª série, ela desenvolveu um projeto em que o idioma é ensinado com base na leitura e escrita de textos para blogs (páginas pessoais usadas para divulgar características de seus autores): quem são, como vivem, por quais assuntos se interessam e quais suas opiniões sobre eles.

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Projeto didático

· Anuário fotográfico online

Bem-sucedida, a iniciativa rendeu a Débora o troféu de Educadora Nota 10 no Prêmio Victor Civita de 2008 (leia mais sobre o projeto no quadro "O desafio de entender e criar blogs"). "Com a opção por uma atividade real de comunicação, ela fez com que a turma entrasse em contato com textos autênticos, que existem também fora do ambiente da sala de aula. Além disso, fez a produção ter sentido para a garotada", diz Andrea Vieira Miranda Zinni, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e selecionadora do Prêmio.

Noções básicas de informática fazem o projeto decolar

Blogs, porém, não são a única alternativa para mergulhar nas situações comunicativas "de verdade" que existem na internet. "Eles são apenas um dos gêneros disponíveis entre tantos outros: notícias informativas, páginas de receitas e sites com resenhas de cinema, por exemplo. Nesse sentido, a sequência de atividades desenvolvida por Débora pode servir de inspiração para qualquer trabalho que envolva o uso real do idioma na rede", opina Andrea
(leia projeto didático que utiliza a web para que a turma conheça álbuns fotográficos escolares e saiba produzir um deles).

Para começar, é inevitável reservar um espaço para entender como funciona a rede mundial de computadores. Uma boa alternativa é buscar na própria web os chamados tutoriais, textos que ensinam passo a passo o funcionamento de recursos digitais. Nas aulas, vale também dividir as dúvidas com os alunos, que muitas vezes manejam a tecnologia melhor do que os professores.

Com essa primeira missão cumprida, é hora de enfrentar outra dificuldade: a precária infraestrutura das salas de informática nas escolas. Se o número de computadores for muito pequeno, divida a turma em dois grupos. Enquanto um usa os aparelhos, o outro faz atividades em sala de aula - por exemplo, revisando os textos já produzidos.

O.k., agora que a parte tecnológica está em ordem, você deve planejar detalhadamente a proposta de atividade em língua inglesa. Se a intenção for considerar o uso real do idioma, um primeiro passo é selecionar qual gênero será abordado. A escolha, porém, deve sempre estar a serviço de um propósito: o que você pretende ensinar. Sem definir conteúdos, o trabalho com gêneros corre o risco de perder o foco. No exemplo de Débora, a opção foi enfatizar, nos textos dos blogs, as chamadas wh questions (What is your name?, Where do you live?, Who is your best friend? etc.), perguntas com respostas abertas que são essenciais para a construção de apresentações pessoais, algo bastante útil para quem está tendo seu primeiro contato com a língua.

O momento seguinte, ainda parte do planejamento, é procurar bons exemplos de textos que correspondam ao conteúdo que se quer ensinar. Nesse ponto, os dois lembretes mais importantes são escolher autores que sejam falantes de inglês (o que reduz a probabilidade de erros ortográficos e gramaticais) e páginas com conteúdo adequado para a turma (o que ajuda a evitar "escapadinhas" para sites perigosos).

MEUS CAROS AMIGOS Por serem "de verdade", amigos virtuais ajudam a dar um propósito comunicativo aos textos

CONTEÚDO ONLINE Depois da produção revisada, a turma publica os textos do gênero estudado

REVISÃO INDIVIDUAL Após as mudanças sugeridas, os textos são devolvidos para que cada aluno possa refazê-los

REVISÃO COLETIVA A discussão no quadro favorece o debate sobre as alterações necessárias na produção dos alunos



















Leitura constante para aprender características discursivas

A partir dessa etapa, a sequência ganha muitas semelhanças com o ensino da língua materna: é principalmente por meio da leitura constante de boas produções do gênero escolhido que os alunos aprendem características discursivas e linguísticas que indicam tanto quem escreve como o provável leitor. No caso de idiomas como o inglês e o espanhol, essa atividade favorece que a turma compreenda as ideias gerais, levando em conta o contexto, mesmo antes de dominar completamente a língua. "Para isso, é comum lançar mão de estratégias como a leitura de imagens ou recorrer a palavras com raízes similares em português", explica a consultora Andrea.

Familiarizada com o gênero, a garotada parte para a produção. Nessa etapa, o importante é reforçar a utilidade das estruturas aprendidas. Na classe de Débora, as wh questions foram essenciais para a construção de textos sobre as preferências e os interesses dos alunos, informações sobre família e amigos, suas rotinas, o que fazem na escola e no tempo livre. É preciso ter claro, ainda, que toda a produção deve vir acompanhada de sessões de revisão para que a moçada possa refletir sobre o que escreveu e avançar.

Uma última recomendação é evitar cair na tentação de traduzir tudo para a turma. Procure ser uma referência como falante da língua, recorrendo ao português apenas em último caso. Para tirar dúvidas ou dar alguma explicação, prefira a associação com imagens - ou, ainda, busque sinônimos que possam facilitar o entendimento. Esse é o caminho mais eficaz para aumentar a autonomia no aprendizado de um idioma cada vez mais necessário no dia-a-dia.


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