Aprender inglês pelas histórias pessoais
Celina Bruniera*
Os textos biográficos relatam os principais momentos da história de vida das pessoas. Ao longo de nossa vida estudantil, lemos biografias de homens e mulheres cujas vidas se confundem com momentos marcantes da nossa História.
Martin Luther King Jr. foi, com certeza, uma dessas pessoas. O tempo não o apagará da memória da humanidade, sobretudo da memória daqueles pelos quais lutou e das gerações que se seguiram. Pois bem, é a partir da biografia de Martin Luther King que propomos uma reflexão sobre a língua inglesa que pode ajudá-lo a ler textos biográficos e a aprimorar seu conhecimento lingüístico de forma geral.
Antes de lermos a biografia, no entanto, é importante observarmos algumas das características desse tipo de texto. As biografias são organizadas, em geral, cronologicamente. Por isso, nelas são freqüentes e recorrentes as construções em que predominam recursos lingüísticos que asseguram a conectividade (ou encadeamento) temporal, como o uso de advérbios ou de frases de valor adverbial.
O verbo e o tempo
Um outro recurso presente nos textos biográficos e que contribui para situar os acontecimentos do ponto de vista temporal é o uso dos tempos verbais. As biografias são escritas, principalmente, a partir do uso de diversas formas verbais que expressam o passado. Com essa articulação, obtém-se um efeito de ordem dos acontecimentos ao longo do tempo. Por exemplo, ficaria muito estranho dizer que uma pessoa se casou e, depois, nasceu. Assim, para compreender os tempos verbais como ordenadores do tempo cronológico, é preciso lançar mão do nosso próprio conhecimento do mundo e procurar no texto uma certa coerência.
Além desses recursos, aquele que escreve uma biografia escolhe formas diferentes para se referir ao biografado e às outras pessoas que são mencionadas no texto. O autor do texto substitui seus nomes por outros substantivos, usa os pronomes, os apelidos se houver, etc. Esse aspecto será mais bem analisado a partir do exemplo que segue:
Martin Luther King
Dr. Martin Luther King Jr. was born in Atlanta, Georgia, on January 15, 1929. Georgia and other southern states of the United States had been slow to give equal rights to African-Americans as well as poor whites and King wanted a change. When he became a minister in 1954, he began a long road of leadership using nonviolent methods. Many people joined his movement, and in 1963 he had a huge gathering of people to Washington D. C., to protest unfair government. Because of his efforts many rights were assured to all races. Dr. King developed his ideas through his own experience, as well as through reading books by the American writer Henry David Thoreau and the Russian writer Leo Tolstoy. He especially admired the example of Mahatma Ghandi, who had successfully led a nonviolent revolution to free India of British rule. At 35 years of age, Martin Luther King Jr. was the youngest man to ever receive a Nobel peace prize. He was awarded the prize in 1964 for helping Americans change unfair laws against African-American people. However, not everybody accepted his ideas. On April 4, 1968, at age 39, he was killed by an assassin's bullet. Today, Dr. King's birthday is a holiday in the United States and is celebrated in honor of his struggle for democracy. |
Agora, vamos analisar as diferentes formas lingüísticas usadas pelo autor para se referir ao biografado. No primeiro parágrafo, encontramos: Dr. Martin Luther King Jr., seu nome completo, e King, seu sobrenome.
Nomes e pronomes
No segundo parágrafo, o autor faz uso do pronome he. É importante lembrar que he é considerado pronome pessoal (personal pronoun) do ponto de vista da morfologia. Para a análise sintática, he figura como pronome sujeito (subject pronoun).
No terceiro parágrafo, o autor usa Dr. King para se referir a Martin Luther King e, novamente, faz uso do pronome he. No quarto parágrafo, seu nome completo e o pronome he reaparecem. E, no último, o autor se refere a ele usando Dr. King e he novamente.
Essa análise contribui para uma leitura mais cuidadosa do texto e é muito importante como reflexão para a produção escrita. Isto porque nos ajuda a pensar em alternativas para não repetirmos o nome do biografado, além de nos fazer entender a função dos pronomes.
Qualidades e predicativos
Para ampliar a análise, podemos observar também como Martin Luther King é qualificado ao longo do texto. No segundo parágrafo, menciona-se que ele tornou-se um "minister" (pastor). E no quarto parágrafo, ele surge como "the youngest man to ever receive a Nobel peace prize". Nos dois casos, notamos que essas características aparecem no texto na forma de predicativos do sujeito.
Esse elemento é significativo, porque nos ensina que predicar também é qualificar, ou seja, não é apenas o uso de adjetivos que qualifica alguém, uma situação ou uma coisa. Além disso, essa análise pode revelar a intencionalidade do texto. As formas lingüísticas que usamos para nos referir a alguém revelam o que queremos destacar em relação a essa pessoa.
* Celina Bruniera é mestre em Sociologia da Educação pela USP e assessora educacional para a área de linguagem
Para você pensar:
Procure as semelhanças entre os elementos que apontamos na biografia de Martin Luther King e a biografia abaixo:
Mohandas Karamchand Gandhi (October 2, 1869 – January 30, 1948) (Devanagari, Gujarati), called Mahatma Gandhi, was the charismatic leader who brought the cause of India's independence from British colonial rule to world attention. His philosophy of non-violence, for which he coined the term satyagraha has influenced both nationalist and international movements for peaceful change.
By means of non-violent civil disobedience, Gandhi helped bring about India's independence from British rule, inspiring other colonial peoples to work for their own independence, ultimately dismantling the British Empire to replace it with the Commonwealth of Nations. Gandhi's principle of satyagraha (from Sanskrit satya: truth, and graha: grasp/hold), often translated as "way of truth" or "pursuit of truth", has inspired other democratic activists, including Martin Luther King, Jr., John Lennon and the 14th Dalai Lama. He often said that his values were simple; drawn from traditional Hindu beliefs: truth (satya), and non-violence (ahimsa). His auto-biography, "The story of my experiments with truth" reveals his inner persona and reflections on his early life.
He was assassinated in Birla house, New Delhi, on January 30, 1948 by Nathuram Godse, a Hindu radical who held him responsible for weakening the new government by insisting upon a payment to Pakistan. (From "Wikipedia"